A cerimônia do Globo de Ouro 2022 foi realizada no dia 9 de janeiro e deu a Andrew Garfield o prêmio de Melhor Ator em Comédia / Musical por sua atuação em Tick, Tick... Boom! (Lin-Manuel Miranda). O filme, disponível na Netflix, é baseado no musical semibiográfico de mesmo nome escrito por Jonathan Larson.

Com um título bem sugestivo (parece um relógio prestes a explodir, um sinal de que o tempo está se esgotando), o premiado longa traz à tona um medo que todos nós tendemos a compartilhar: quanto tempo eu ainda tenho para realizar meus sonhos?

No filme, Jon Larson (vivido por Garfield) está prestes a completar 30 anos, mas ainda não encontrou seu lugar nos palcos da Broadway. Seu sonho é se tornar o próximo grande autor de peças musicais, mas enquanto não consegue, precisa trabalhar como garçom apenas para ter o suficiente para pagar as contas ao fim do mês.

A partir dessa sinopse do filme, já temos algumas questões interessantes sobre as quais ponderar.

Primeiro, por que precisamos de um limite de idade para realizar algo na vida?

Aqui no Instituto de Longevidade MAG, conversamos todos os dias com pessoas idosas sobre carreira, desejos e planejamentos para a vida. E, como alguém que passou recentemente dos 30 anos, acredito que ainda tenho muitos anos para sonhar. Assim como quem passou dos 60 anos.

Tendemos a crer que nosso envelhecimento nos limita em aspectos que não deveria limitar. No entanto, quantas histórias ouvimos todos os dias de pessoas que se descobriram e se realizaram após os 40, 50, 60 anos?

A idade cronológica não deveria ser um fator limitante nesse sentido, como uma bomba prestes a explodir a qualquer momento. Da mesma forma, a ideia de que não podemos mais sonhar depois de completar tantos anos deveria ser limada dos nossos pensamentos.

Dinheiro para realizar sonhos

Dito isso, Tick, Tick... Boom! também explora as dificuldades financeiras de Jon enquanto não consegue colocar os dois pés dentro do mercado de musicais.

Para pagar as contas, Jon trabalha como garçom em uma cafeteria, mas o dinheiro não é o bastante para que ele more sozinho em um apartamento na cidade. No entanto, é o trabalho que dá a ele tempo de escrever suas peças.

Em conflito, Jon pondera ao longo do filme sobre a necessidade de abandonar o sonho e seguir uma carreira com garantia de estabilidade financeira, ou viver em dívida e continuar perseguindo sua grande chance na Broadway.

É importante falar aqui que, muitas vezes, pensar em dinheiro e estabilidade é visto como algo negativo ou contrário ao processo criativo. No entanto, esse pensamento é fundamental, até mesmo para quem deseja viver de arte.

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Planejar-se financeiramente é garantir que terá dinheiro para continuar alimentando suas paixões, porque nem sempre conseguiremos viver daquilo que amamos no momento. Trabalhar com algo que lhe permita fazer isso em paralelo é uma forma de equilibrar os dois mundos, pelo menos até conseguir se sustentar apenas com o que ama fazer.

Outra coisa importante de se lembrar é que, mesmo quem trabalha com criação precisa de dinheiro para comprar ou renovar equipamentos, ferramentas ou até para estudar e se aprimorar.

No filme, por exemplo, Jon não tem um centavo no bolso nem mesmo para comprar um novo caderno de partituras. Além disso, ele precisa de dinheiro para alugar uma banda para apresentar seu novo musical a uma plateia especializada.

Ou seja, mesmo quando nossa força motriz são as nossas ideias, precisamos de receita para tirá-las do papel. Planejar-se financeiramente não significa abdicar-se de seus sonhos, mas apenas se preparar para realizá-los.


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