Metade dos brasileiros está com sobrepeso, e a obesidade já é uma realidade para 18,9% deles, segundo o Ministério da Saúde. Embora os jovens sejam as maiores vítimas, há um crescimento também nas faixas de 45 a 54 anos (45%), 55 a 64 anos e acima de 65 anos (ambas com 26%). Não à toa, cresce a procura por tratamentos, e o emagrecimento com balão intragástrico aparece como uma alternativa menos invasiva que a cirurgia bariátrica (redução do estômago).
Para esclarecer os mitos e verdades desse procedimento, o portal do Instituto de Longevidade entrevistou a endocrinologista Maria Edna de Melo, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica. Confira:
1. Qualquer pessoa acima do peso pode optar por esse método.
Mito – O balão intragástrico é aprovado para pessoas com IMC (Índice de Massa Corporal) igual ou maior que 27 kg/m².
Confira agora se seu IMC (Índice de Massa Corporal) está em dia.
2. Se a pessoa estiver com IMC próximo ao recomendado, não deve engordar para ficar apta ao procedimento.
Verdade – Além de ser um procedimento temporário, em nenhuma situação é recomendado ganho de peso para atingir indicação para emagrecimento, seja por meio de balão, seja por cirurgia bariátrica.
3. O procedimento pode ser feito no SUS.
Mito –O Sistema Único de Saúde não cobre esse procedimento. A colocação do balão custa entre R$ 12 mil e R$ 15 mil.
4. Assim como na cirurgia bariátrica, uma equipe multidisciplinar acompanha o paciente antes e depois do tratamento.
Verdade – Sim, porém uma equipe menor, com médico e nutricionista, que é essencial para a orientação da dieta.
5. O paciente é sedado e um pequeno corte é feito no abdômen para a colocação do balão intragástrico.
Mito – Trata-se de um procedimento simples, realizado através de endoscopia digestiva alta, com o paciente sedado. O balão é levado vazio até o estômago, entrando pela boca. No estômago, o balão é preenchido com soro fisiológico.
6. Cheio, o balão ocupa mais da metade do estômago.
Verdade – Em média, o balão é preenchido com 700 ml, o que corresponde a cerca de 70% do volume.
7. O emagrecimento ocorre porque o estômago passa a secretar menos hormônio, reduzindo, com isso, o apetite.
Verdade – O balão intragástrico é um método restritivo, pois ele ocupa o espaço que seria preenchido pela comida. No entanto, a sua permanência no estômago pode inibir a produção do hormônio da fome, a grelina.
8. O procedimento traz efeitos colaterais e interfere na absorção de nutrientes.
Em termos – Os efeitos colaterais mais comuns são dor abdominal, náusea e vômitos, o que pode levar à desidratação. Eles, porém, podem ser prevenidos ou amenizados com medicamentos e dieta adequada. Não há interferência na absorção de nutrientes.
9. Se o dispositivo romper, é preciso fazer uma operação de emergência.
Mito – A retirada também é realizada por endoscopia. Percebe-se que o balão rompeu quando o paciente apresenta urina azul, pois uma substância (azul de metileno) é colocada dentro do balão, para que este sinal ocorra.
10. O paciente permanece o restante da vida com o balão intragástrico.
Mito – Após seis meses, o balão deve ser retirado, prazo de segurança garantido pelo fabricante.
11. A perda de peso varia de pessoa a pessoa.
Verdade – Sim, mas espera-se uma perda entre 17% e 20% do peso.
12. O procedimento previne outras doenças.
Verdade – A perda de peso traz inúmeros benefícios, como redução de doenças crônicas e melhora da qualidade de vida.
13. Após a retirada do balão, a maioria dos pacientes ganha peso.
Verdade – As pessoas tendem a recidivar o ganho de peso, pois o efeito da restrição gástrica é removido e as mudanças de alimentação são difíceis de ser mantidas. Isso ocorre principalmente em pacientes com obesidade mais grave: quanto menor o IMC, considerando a base de 27 kg/m², melhor o resultado, apontam as pesquisas.
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