Muita gente acredita que a hipertensão – e suas possíveis consequências e riscos - só existe quando a pressão arterial permanece constantemente elevada. Mas afinal, a ocorrência alterações de forma recorrente também pode fazer mal ao coração?

Essa dúvida é muito comum no consultório e, justamente por parecer um cenário inofensivo, pode gerar confusão e atrasar um possível diagnóstico. Por esse motivo, vale esclarecer: mesmo picos ocasionais podem indicar que algo não está bem e devem ser considerados um sinal de alerta.

O fato é que a pressão arterial não é estática. Ela apresenta variações ao longo do dia, influenciada por fatores como estresse, esforço físico, emoções, qualidade do sono ou até o consumo excessivo de café, álcool e sal. Essas oscilações fazem parte do funcionamento normal do organismo e são esperadas em certa medida. Entretanto, se os aumentos são muito altos ou acontecem com frequência, merecem atenção.

Onde está o problema

O perigo está no efeito repetido dos picos de pressão alta sobre o sistema cardiovascular. Isso porque quando a pressão sobe, mesmo que por pouco tempo, gera um impacto direto sobre as paredes dos vasos sanguíneos e o coração.

Com o tempo, essas agressões momentâneas podem causar pequenas lesões e contribuir para o enrijecimento das artérias, facilitar o acúmulo de placas de gordura e sobrecarregar o órgão. Assim, ao longo dos anos, episódios ocasionais de pressão alta aumentam o risco de hipertensão sustentada, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.

Risco silencioso

O agravante é que picos intermitentes podem passar despercebidos, principalmente em pessoas jovens.

Em boa parte dos casos, o organismo não dá sinais imediatos, e o indivíduo acredita que não há motivo para preocupação, quando na verdade já existe um problema silencioso em andamento. Fato que torna o acompanhamento regular fundamental, particularmente para quem tem histórico de pressão alta na família.

Uma mulher sentada no sofá fazendo a aferição de pressão arterial. Crédito: Kostikova Natalia/Shutterstock

Quando a pressão é considerada alta

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) anunciou, neste mês de setembro, novos parâmetros para a Diretriz Brasileira sobre Hipertensão Arterial. A principal mudança é que a pressão 120/80 mmHg (lemos "12 por 8"), antes considerada ideal, agora é classificada como pré-hipertensão. Com isso, o país se alinha às práticas médicas globais e acompanha mudanças feitas na Europa e Estados Unidos.

Segundo a nova classificação da Diretriz Brasileira 2025:

  • Pressão normal: abaixo de 120/70 mmHg (“12 por 7”);
  • Pressão elevada (pré-hipertensão): entre 120/70 mmHg e 139/89 mmHg (“12 por 7” e próximo de “14 por 9”);
  • Hipertensão arterial: igual ou superior a 140/90 mmHg (“14 por 9”), mantida por várias medições, de forma persistente, realizadas em dias distintos.

A alteração reflete uma compreensão mais aprofundada dos riscos associados à pressão alta e busca assim aumentar a conscientização, identificar precocemente indivíduos com maior risco de desenvolver a doença e alertar sobre a necessidade de monitorar e ajustar o estilo de vida mais cedo, atuando de forma mais incisiva na prevenção.

Cuidado constante

A melhor forma de detectar variações é, portanto, medir a pressão em diferentes momentos, em casa ou em farmácias, e registrar os valores - busque a orientação de um profissional de saúde para fazer a aferição corretamente. Se os picos se repetem, mesmo que a pressão pareça normal em outras ocasiões, é hora de investigar.

Em alguns casos, o médico pode solicitar o chamado MAPA — monitorização ambulatorial da pressão arterial por 24 horas —, que registra as oscilações durante atividades cotidianas e até durante o sono.

Identificar precocemente essa variação é fundamental para agir de forma preventiva, evitar complicações futuras e proteger a saúde cardiovascular.

Ajustes no estilo de vida, como reduzir o sal, evitar o excesso de álcool, controlar o peso, monitorar o estresse, praticar atividade física e cuidar da qualidade do sono, podem ajudar estabilizar a pressão. Quando necessário, o uso de medicação também pode ser indicado.


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