Uma análise realizada pela organização Impulso Gov estima que, até o fim de março, a vacinação no Brasil pode ter salvado a vida de 16 mil idosos. De acordo com a pesquisa, o resultado foi obtido possivelmente com a combinação de outros fatores, como maior isolamento social dos idosos e melhor manejo da doença em pacientes dessa faixa etária.
Dados do Rio de Janeiro e de São Paulo levantados até o início deste mês mostram que, nas duas cidades, o número de óbitos de pessoas com 70 anos ou mais ligados à Covid-19 apresentou uma queda de mais de 10 pontos percentuais ao longo dos meses de março e abril, em comparação com a média desde o início da pandemia.
No recorte de pessoas com mais de 80 anos, a análise mostra que os números que vinham se mantendo estáveis em torno de 28,3% até janeiro deste ano, caíram para 15,1% com o avanço da vacinação no Brasil desse grupo, entre fevereiro e o final de março.
Vacinação no Brasil sofre com falta de insumos
Coordenador de análise de dados do Impulso Gov, Marco Brancher aponta uma preocupação cada vez maior com a desaceleração na oferta de doses das vacinas contra o coronavírus. Ele lembra que a previsão inicial era a de que, até o mês de abril, toda a população acima de 60 anos já tivesse sido vacinada, o que não aconteceu. A nova previsão é que isso se concretize até o final de maio.
Brancher também alerta para as medidas de controle da pandemia por parte dos governos que, em sua opinião, estão descoordenadas e pulverizadas pelo país.
“A população acaba ficando com a impressão de que ela só paga a conta, perde o emprego e não tem os auxílios do governo federal, seja auxílio emergencial para a população ou para as empresas. E não vê resultado. Se olha sem atenção os dados, a impressão que dá é que o lockdown não funciona’, afirma o coordenador.
Idosos protegidos, economia protegida
Desde o início da pandemia, o número de famílias que passaram a depender da renda de um idoso aumentou consideravelmente.
Segundo uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), hoje os recursos do trabalho e das aposentadorias ou pensões de idosos representam mais da metade de toda a renda familiar em 20,6% dos lares no país.
Nesses domicílios, a renda por pessoa é de R$ 1.621,80, mas poderia cair para R$ 425,54 no caso do falecimento do idoso provedor.
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