De acordo com o Ministério da Saúde, 243.721 possíveis casos de dengue foram registrados apenas em 2024. O número é quase quatro vezes maior do que o observado no mesmo período do ano passado (65.336). Com o pico da doença, a vacina da dengue se torna cada vez mais necessária, porém ela não é indicada para pessoas idosas.
Considerando essa situação, o Ministério da Saúde decidiu incorporar o imunizante QDenga, desenvolvido pela farmacêutica Takeda, no rol de vacinas disponíveis na rede pública. Entretanto, devido à disponibilidade restrita de doses, o programa de vacinação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) terá início em fevereiro. Além disso, a vacinação irá priorizar crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em 521 municípios.
Os estudos mostram que a QDenga possui uma eficácia de 80,2% na prevenção da doença. Por isso, a Anvisa aprovou o uso do imunizante em março de 2023. Desde julho, a vacina da dengue está disponível em farmácias e clínicas particulares. No entanto, é importante ressaltar que nem todos os consumidores são elegíveis para a vacinação.
A bula do imunizante indica que não é recomendado para pessoas com mais de 60 anos. Caso um indivíduo nessa faixa etária deseje se vacinar, é necessário que apresente um pedido médico.
Por que a vacina não dengue não é indicada para pessoas idosas?
A infectologista Rosana Richtmann, em entrevista ao Estadão, apontou que essa é uma questão regulatória, e não de segurança. A especialista, que é consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), conta que a vacina da dengue não foi testada para essa faixa etária. Por esse motivo, não existem dados que provem a efetividade da medicação para esse grupo.
Neste caso, a questão não está relacionada aos efeitos colaterais, mas sim à ausência de testes específicos. No entanto, considerando que a Qdenga demonstrou ser segura para a população até os 60 anos, é provável que sua liberação para os idosos ocorra em breve.
Já a restrição para crianças menores de 4 anos tem uma razão diferente. Embora esse grupo etário tenha participado dos estudos, a vacina não apresentou eficácia de proteção significativa. Portanto, ao contrário do que ocorreu com os idosos, especialistas não acreditam que as crianças menores de 4 anos serão incluídas na bula da vacina.
Crédito: Marina Demidiuk/Shutterstock
A vacina da dengue da Butantan é indicada para idosos?
A eficácia da vacina da dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan foi confirmada em um artigo publicado na revista científica New England Journal of Medicine (NEJM). O estudo revelou uma eficácia geral do imunizante de 79,6%. Espera-se que ainda neste ano, o Instituto solicite o registro do produto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Porém, segundo a instituição, assim como a Qdenga, a vacina brasileira não foi testada em pessoas acima de 60 anos. Portanto, não é recomendada para essa faixa etária.
“O imunizante é feito com vírus atenuado, ou seja, enfraquecido. Historicamente, há um receio em aplicar esse tipo de vírus em pessoas com sistema imune enfraquecido e, ocasionalmente, menos eficiente. A vacina não necessariamente fará mal, mas esse cenário dificulta a análise da eficácia do produto. [...] Neste ano, com os dados já publicados, os cientistas devem começar o recrutamento da população mais velha para os ensaios clínicos, obtendo, assim, informações que vão auxiliar na indicação da vacina para a população”, apontou o Butantan, em nota.
Se a vacina da dengue ainda não é indicada, como proteger as pessoas idosas da doença?
A prevenção é indicada para todos. Por esse motivo, as recomendações para pessoas com mais de 60 anos são idênticas às do restante da população. Confira as dicas abaixo:
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Evite o acúmulo de água parada dentro de casa. Cerca de 75% dos focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, são encontrados nesse ambiente, conforme dados do Ministério da Saúde.
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Aplique repelentes, especialmente pela manhã e no final da tarde, horas de maior atividade do Aedes aegypti.
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Vista roupas de manga longa para evitar o contato direto com o vetor. Se possível, em tons mais claros, que possuem propriedades repelentes.
A hidratação é um dos fatores mais importantes em casos de contaminação. O que se torna ainda mais fundamental para pessoas idosas, já que esse grupo tem um maior risco de desidratação.
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