Preocupados com as consequências da pandemia no mercado de trabalho, mais de 68% dos trabalhadores estariam dispostos a treinar para mudar de carreira. Entre trabalhadores dos setores de serviços e vendas – mais impactados na pandemia – esse indicador chega a ultrapassar os 70%.

No Brasil, a disposição para mudar de carreira é ligeiramente menor que a média global: 65% do total. Porém, apenas 20% alegaram ter tempo para investir em capacitação.

É o que diz pesquisa global feita pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a empresa de recrutamento The Network. O estudo ouviu 209 mil pessoas em 190 países.

Segundo a pesquisa, 36% dos trabalhadores em todo o mundo foram demitidos ou forçados a reduzirem a jornada durante a crise da Covid-19. Os impactos foram mais sentidos por aqueles que atuam em áreas como turismo, artes, mídia e criatividade.

O estudo mostrou que o interesse em desenvolver novas habilidades para mudar de carreira não é particular a um tipo de emprego ou indústria. Porém, é maior entre aqueles que tiveram maior perda de renda durante a pandemia.

“O interesse em mudar de carreira está ligado à disruptividade da Covid-19 e às ameaças das mudanças tecnológicas, as quais muitos trabalhadores acreditam que estão sendo se acelerando”, afirma o relatório.

Ao todo, 41% dos entrevistados pelo estudo afirmaram que estão mais preocupados com automação no mercado de trabalho agora do que estavam antes da pandemia. A percepção de que a tecnologia é uma ameaça aos empregos é maior entre trabalhadores da Asia e menor entre os que vivem na Europa.

Mais trabalhadores cogitam mudar de carreira após perceberem impactos da pandemia da Covid-19

Mudança de ambiente: mais trabalhadores cogitam mudar de carreira após perceberem impactos da pandemia da Covid-19

Mudar de carreira na pandemia foi possível com aprendizagem on-line

Um dos entrevistados pela BCG foi Manuel Milliery, empreendedor que mora em Paris, na França. Segundo o relatório, antes da pandemia ele trabalhava na área de software e serviços digitais. Por causa dos impactos da Covid-19 no seu setor, passou a estudar sobre química por meio de sites e aplicativos.

Com o conhecimento adquirido, desenvolveu um produto para embalagens sustentáveis. “Eu não tinha nenhuma habilidade em química, tive que aprender tudo sobre o assunto”, afirmou à BCG.


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