A praticidade de um aplicativo de transporte particular mudou a forma dos brasileiros se locomoverem. Para quem necessita de uma viagem rápida, os apps são uma forma barata de chegar ao seu destino. Para quem precisa de uma renda extra, eles são uma forma confiável de ganhar dinheiro. Mas, ser motorista de aplicativo vale a pena?

De acordo com dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em maio de 2022, cerca de 1,5 milhão de pessoas trabalham com transporte de passageiros e entrega de mercadorias. Sendo que 61,2% do grupo atua como motorista de aplicativo ou taxi.

Esses trabalhadores autônomos estão inseridos no que é chamado de gig economy. O termo caracteriza relações esporádicas de trabalho entre funcionários e empresas. Ou seja, quando o serviço não tem vínculo empregatício. O gig economy é caracterizado, principalmente, pela mão de obra que oferece serviço por meio de aplicativo.

Mesmo sem o vínculo, esse tipo de prestação de serviço é uma forma de aumentar a renda. E, entre as vantagens, está a não limitação de idade para ser motorista de aplicativo. O estudo mostra que a maioria desses trabalhadores é homem, preto ou pardo, e tem menos de 50 anos.

Mesmo com a indicação da pesquisa, qualquer pessoa acima de 50 anos pode usar o app para complementar a renda. Esse é o caso de Marco Marques, de 58 anos, e de Givaldo dos Santos, de 59 anos.

Como é ser motorista de aplicativo?

Marco começou a fazer corridas como uma forma de ganhar mais dinheiro. Morador do Rio de Janeiro, ele conta que trabalha com vendas, mas que elas começaram a cair. Logo, se tornou motorista de aplicativo para tentar aumentar a renda familiar.

Para o motorista, que atua há cinco anos nos apps, quando o assunto é o famoso aplicativo Uber, era possível ganhar mais dinheiro quando existia a categoria de corrida Uber Black. De uma forma geral, o dinheiro é apenas uma complementação.

“É uma ajuda, mas não dá mais para ganhar dinheiro. Dava há uns 6 anos, quando tinha o Uber Black. Agora as corridas são muito baratas e a manutenção do carro está muito cara.”

No caso de Givaldo, a motivação que levou a ser motorista de aplicativo é o sustento da família. Baiano, ele foi para o Rio de Janeiro para buscar uma melhor qualidade de vida para sua família.

Na capital fluminense, Givaldo trabalhou como motorista, em diversas frentes, de uma construtora. Com o enfraquecimento de obras na cidade, a empresa demitiu diversos funcionários em 2016, inclusive Givaldo. Em 2017, a construtora o readmitiu, porém, no fim do mesmo ano, o dispensou novamente.

Desde então, sem ocupação de carteira assinada, Givaldo decidiu trabalhar como motorista de aplicativo. Uma oportunidade de ter uma renda e de fazer algo que gosta. Sendo motorista de aplicativo há quatro anos, para ele, uma vantagem desse tipo de ocupação é poder ter o seu próprio controle.

“Você é o seu próprio patrão, digamos assim. Não está preso a ninguém, nenhuma empresa, nem nada. Você faz o seu horário. Então, isso é vantajoso sim.”

Ganhar dinheiro a que custo?

Ambos os motoristas concordam com um ponto: quanto mais se trabalha, mais dinheiro se tem. Marco ainda reforça que, para ganhar uma quantidade realmente significativa de dinheiro, é preciso trabalhar em torno de 12 a 14 horas por dia.

Givaldo diz que, no caso da Uber, “trabalhando 12 horas, se a praça estiver boa, você consegue fazer uns R$ 400 por dia”.

“Se a gente trabalha mais, ganha mais. Se a gente trabalha menos, ganha menos. Então é de acordo com o trabalhamos. A gente pode ganhar R$ 3 mil, ganhar R$ 4 mil, R$ 5 mil, R$ 6 mil. Mas tem que ir além de 8 horas de trabalho”, completa Givaldo.

Um ponto importante que Marco destaca é a manutenção do carro. Isso preciso estar dentro do cálculo do lucro. Ou seja, pensar no quanto se gasta com o carro, com o seguro e o combustível, é fundamental para o planejamento financeiro.

Considerando um valor similar ao de Givaldo, Marco diz que é possível lucrar certa de R$ 5 mil por mês, em dias bons, tendo corridas que somam cerca de R$ 300 ao dia. No cálculo, ele contabiliza o valor do combustível como principal fator.

Para ele, essa renda é apenas complementar, já que o esforço de trabalhar muitas horas ao dia pode não compensar.

“Você tira o combustível, que está alto, ou o gás está caro, está horrível. Se você não tem outra renda, é 12 a 14 horas para você levar algum lucro para casa.”

Givaldo sentado no banco da frente do carro, com cinto de segurança e máscara. Imagem para ilustrar a matéria sobre motorista de aplicativo. Givaldo, dirigindo o seu carro, durante uma corrida de aplicativo. Crédito: Arquivo pessoal

Seguro de carro é realmente necessário?

A proteção é fundamental para as corridas e para a segurança da vida dos motoristas. Tanto Givaldo quanto Marco são religiosos e acreditam que é necessário fazer as suas preces antes de sair de casa e ao voltar.

Outro ponto que os dois concordam é a necessidade de um seguro de carro, associado e bom senso e a tentativa de atuar em locais seguros.

Marco, que roda no Rio de Janeiro, se preocupa com as áreas de risco e favelas.

“Tem que evitar entrar em área de risco e tem que ter o seguro. Não dá para trabalhar sem seguro. A única maneira da gente se proteger é essa. E contar com a sorte. Rezar quando sair de casa. Rezar e rezar.”

Proteger o carro, assim como ter um seguro de vida, é um custo. Mas, além disso, é uma forma de proteção que evita diversos problemas. Essa também é uma conta que deve entrar no cálculo do lucro do motorista de aplicativo.

Afinal, o planejamento financeiro é fundamental em todos os momentos.

O que é preciso para começar?

A empresa de transporte individual particular mais conhecida é a Uber. Fundada em 2009, na Califórnia, a empresa chegou ao Brasil em 2014, inicialmente, com operações apenas no Rio de Janeiro.

Para dirigir pela Uber, em primeiro lugar, é preciso ter uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) contendo a observação "Exerce Atividade Remunerada - EAR". No próprio site há a indicação de que a empresa não aceita Permissão Para Dirigir (PPD), apenas CNH permanente.

Para fazer o cadastro, é necessário seguir esses passos:

  • Acessar a página de cadastro e abrir uma conta de parceiro.
  • Incluir a observação EAR na CNH e seguir o processo para enviar o documento.
  • Fazer a verificação de segurança para a elegibilidade na plataforma.
  • Enviar uma foto do documento do veículo que será utilizado durante as viagens.
  • Depois de concluir o cadastro, o motorista precisa fazer o download do aplicativo da Uber Driver, disponível para Android e iOS.

Apenas com o aplicativo ativo e internet disponível será possível fazer as viagens pela empresa. Confira todas as exigências.

Para Marco, quem está começando agora deve focar em trajetos fixos, evitar áreas de risco e preferir trabalhar durante o dia. Como mora no Rio de Janeiro, seu conselho é:

“Geralmente as pessoas que estão começando são leigas e não conhecem o Rio de Janeiro, não conhecem a Baixada e é muito perigoso. E trabalhar durante o dia, das 6 da manhã às 4 da tarde. Esse é o conselho que eu daria para quem está começando. Evitar trabalhar a noite.”

Já Givaldo destaca outro ponto importante que muitos esquecem: trabalhar como motorista de aplicativo é trabalhar com o público. Logo, é necessário saber lidar com pessoas, além dos conhecimentos sobre a cidade de sobre automóveis.

“Tem que ter fé, tem que gostar de dirigir e gostar de lidar com o público, porque não é fácil lidar com o público. Então, tem que ter muita paciência”, comenta.
Um motorista de aplicativo conversando com uma passageira, no banco de trás, enquanto os dois estão no carro.  Saber lidar com o público também é necessário. Crédito: Prostock-studio/shutterstock

O que considerar como custo?

Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que o dinheiro não é 100% revertido para o motorista. As empresas que gerenciam a tecnologia ganham uma porcentagem, que varia de acordo com a atuação do motorista em cada corrida.

Considerando isso, quem decide entrar no universo de transporte privado terá gastos fixos com:

  • Seguro de carro e/ou de vida,
  • Plano de internet,
  • Combustível.

Além disso, também deve-se considerar que o motorista tem o próprio carro e tenha os gastos com manutenção e IPVA. Confira a lista de veículos elegíveis pela Uber.

Por que existem tanto motoristas de aplicativo?

Durante a pandemia do Covid-19, a crise econômica afetou a vida de milhares de famílias. O desemprego atingiu diversas casas e muitos viram a oportunidade de ter uma renda sendo motorista de aplicativo.

Um estudo da consultoria Accenture mostrou que 62% dos motoristas recorreram aos aplicativos durante a pandemia. Assim como Marco e Givaldo, a motivação foi o complemento de renda familiar.

Para quem deseja usar as plataformas digitais para ter mais dinheiro, ser motorista de apps pode, sim, ser uma opção. Além da Uber, existem outras opções que também são úteis no comento de conseguir mais dinheiro. Como por exemplo:

1. 99

2. Cabify

3. Wappa

4. InDriver

5. Blablacar


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