O salário mínimo 2026 poderá subir para R$ 1.631, conforme estimativa do governo federal apresentada no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) encaminhado ao Congresso Nacional em 29 de agosto. O valor representa um aumento de 7,45% em relação ao piso atual, de R$ 1.518. A projeção considera a inflação estimada em 4,78%, segundo o Ministério do Planejamento e Orçamento.
O reajuste segue a política de valorização do salário mínimo. O método leva em conta a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e o crescimento do PIB de dois anos anteriores, limitado a 2,5%. Esse limite foi definido no âmbito do novo arcabouço fiscal aprovado pelo Congresso.
De acordo com o PLOA, as projeções do governo indicam aumentos graduais até 2029. Para 2027, o piso nacional deve ser de R$ 1.725. Em 2028, a previsão é de R$ 1.823, e, em 2029, o valor poderá chegar a R$ 1.908.
O valor estimado para o salário mínimo 2026 é um real superior ao divulgado anteriormente no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), enviado em abril. Na ocasião, o governo havia projetado um piso de R$ 1.630.
Impacto fiscal do reajuste do salário mínimo
Segundo dados do governo federal, cada aumento de R$ 1 no salário mínimo gera impacto anual de R$ 429,3 milhões nas despesas públicas. Em contrapartida, há aumento de R$ 7,4 milhões na arrecadação previdenciária, resultando em uma redução líquida de R$ 422 milhões no resultado do governo central.
O salário mínimo 2026 afeta diretamente as contas públicas, pois é referência para o pagamento de benefícios previdenciários e sociais. Aposentadorias e pensões do INSS não podem ter valor inferior ao piso nacional. Assim, sempre que há reajuste, quem recebe o mínimo também passa a ganhar o novo valor.
Entre os benefícios atrelados ao salário mínimo estão o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o abono salarial. O piso também influencia contratos trabalhistas, contribuições previdenciárias e o cálculo de indenizações trabalhistas.
Crédito: rafastockbr/Shutterstock
Salário mínimo 2026: como fica o líquido?
Camila Pellegrino, sócia especialista em direito previdenciário do escritório Pellegrino & Galleti Advocacia, explicou à Folha de S. Paulo como fica o salário líquido considerando os descontos obrigatórios.
“Se alguém recebe um salário mínimo (em 2025, R$ 1.518), há o desconto do INSS, com a alíquota mínima para o piso, de 7,5%. O Imposto de Renda não será descontado, pois o salário mínimo está abaixo da faixa mensal de isenção. Com o desconto do INSS, o salário líquido seria de R$ 1.404,15”, afirmou a advogada.
Outros descontos podem ocorrer, dependendo da empresa ou do contrato. Entre eles estão vale-transporte, vale-refeição, planos de saúde, seguros e pensão alimentícia, caso haja determinação judicial.
Alíquota de desconto do INSS
Camila lembra que a alíquota do INSS para empregados com carteira assinada é progressiva, variando conforme a faixa de salário. Para 2025, os percentuais são:
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Até R$ 1.518,00 – 7,5%
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De R$ 1.518,01 até R$ 2.793,88 – 9%
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De R$ 2.793,89 até R$ 4.190,83 – 12%
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De R$ 4.190,84 até R$ 8.157,41 – 14%
“Há também um teto de contribuição: para quem ganha acima de R$ 8.157,41, a base de contribuição fica limitada a esse teto. Ou seja, não se contribui sobre salário superior a esse valor para fins de INSS”, explicou.
Salário mínimo regional e diferenças entre estados
Além do piso nacional, alguns estados possuem o chamado salário mínimo regional, autorizado por lei estadual. Esse valor pode ser maior que o piso federal, mas nunca inferior.
Desde 1º de julho, por exemplo, o estado de São Paulo passou a adotar um salário mínimo regional de R$ 1.804. O reajuste, de 10% em relação ao anterior, foi sancionado em maio pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O aumento garantiu um ganho real de cerca de 5% acima da inflação, segundo o governo estadual.
Salário mínimo ideal segundo o Dieese
O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) calcula mensalmente o salário mínimo ideal para uma família composta por dois adultos e duas crianças que consomem como adultos. Em agosto, o valor estimado foi de R$ 7.147,91.
O cálculo parte do custo da alimentação apurado na pesquisa da cesta básica. Patrícia Costa, economista do Dieese, explicou à Folha que o estudo considera a cesta básica de maior valor do país. Segundo a especialista, assume-se que os gastos com alimentação correspondem a 35,78% do orçamento familiar. A partir disso, estima-se o salário que seria necessário para cobrir as demais despesas.
O salário mínimo 2026, portanto, está longe do valor apontado pelo Dieese como ideal para garantir o bem-estar de uma família. No entanto, a política de valorização busca preservar o poder de compra e reduzir desigualdades, mantendo o piso como referência para milhões de brasileiros.
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