Apreciada em todo o mundo, a dança é uma forma de expressão artística. Ela é usada por muitas culturas para contar histórias, celebrar, compartilhar momentos ou simplesmente maravilhar os olhos. Além de entretenimento, são muitos os benefícios da dança para quem a pratica. Seja fortalecendo o corpo ou cuidando do bem-estar físico, também impacta saúde emocional e mental.

“Os benefícios da dança para a saúde e para o bem-estar são vários”, conta Guilherme Monteiro, médico e professor de tango. Ela pode ajudar na socialização, desenvolver uma noção de percepção própria e melhorar os níveis de consciência e organização corporal. Além disso, a dança também é um forte aliado contra estresse e doenças psiquiátricas. Ela é capaz de influenciar de forma positiva no humor de todo mundo envolvido.

“Mais do que só um exercício físico, a dança possibilita às pessoas se incluírem mais”, afirma Monteiro. Para o médico e professor, a dança também ajuda a combater a ansiedade e a depressão. 

“É uma atividade social e lúdica, que permite a elas um acréscimo de resiliência a fim de transpor as dificuldades do dia a dia”. 

Dança é acolhimento e conexão

Para muito dançarinos, profissionais ou amadores, dançar significa se conectar consigo mesmo. É sobre descobrir os limites do corpo e ultrapassá-los, encontrando uma nova forma de viver no mundo. É também uma forma de achar acolhimento e conforto na presença de outras pessoas. Criando assim a possibilidade de se inserir em um meio social que preza pela afetividade.

Guilherme explica que a dança não substitui uma academia, uma atividade de musculação ou até mesmo a corrida. Porém os benefícios da dança trazem muitos ganhos e momentos de inclusão, principalmente naquelas em que há toque, como o tango. “O toque é terapêutico e traz conforto, ainda mais no tango, em que a gente trabalha com o abraço. É um afeto e também um acolhimento dentro de uma sociedade que cada vez mais se isola e que está cada vez mais sozinha”. 

Assim, a dança também se transforma em um processo de cura e de prevenção contra males externos e internos.

“É uma forma preventiva de se relacionar com o mundo. De gerar, também, menos ansiedade, criando um ambiente em que é possível aceitar melhor as diferenças”. 

É também uma maneira de se conhecer melhor e de descobrir todas as possibilidades do próprio corpo. “Acho que é uma ferramenta de autoconhecimento e de autopercepção corporal incrível. Todas as pessoas deveriam experimentar independentemente da faixa etária”, afirma o professor.

Pessoas dançando em um salão de dança. Imagens para ilustrar a matéria sobre benefícios da dança.Crédito: Lu Barcelos/Chocolate Fotografias

Benefícios da dança para todos

Outro dos vários benefícios da dança é que ela é inclusiva e pode abraçar diferentes públicos, faixas etárias e até mesmo condições de saúde e limitações do corpo. Existem pessoas que começam a dançar bem cedo, como as crianças que iniciam o balé aos quatro anos de idade. E existem também pessoas mais velhas, com mais de 50 e 60 anos, que se descobrem na dança de salão. Para Guilherme, não existe idade certa para dançar: “Eu acho que as pessoas podem começar a dançar em qualquer idade”.

Pessoas com deficiência também podem se beneficiar dessa atividade. Difundida em todo o mundo, a dance ability é um método inclusivo baseado na improvisação de movimentos. Ele visa trabalhar a capacidade de cada indivíduo independentemente de idade, origem e experiência na dança, e se ele tem ou não alguma deficiência.

“Eu acho realmente que a dança é uma atividade sem fronteiras. As pessoas podem dançar a partir de suas próprias capacidades e de seu próprio desenvolvimento. Ela é inclusiva, mas também respeita a individualidade de cada um.”

É claro que é sempre importante ter cuidado. Quando a prática for feita com pessoas com deficiência, é necessário ter o acompanhamento de profissionais capacitados. Isso porque eles são aptos para explorar as diferenças de cada um, entendendo o processo de inclusão.

O começo de uma nova vida

Telma Camargo da Silva tem 70 anos e é antropóloga, encadernadora e tangueira. Descobriu a felicidade na dança, quando começou a praticar dança de salão e samba de gafieira. Esses ambientes logo a conduziram ao tango, sua verdadeira paixão. Há cerca de dez anos, ela faz aulas regulares e participa de seminários em todo o Brasil (e até em outros países), mergulhando de cabeça na história, musicalidade e beleza dessa prática.

“Sem dúvida vivo melhor porque sou uma tangueira, ou melhor, uma milongueira, para usar o vocabulário do nosso meio”, conta. “As várias dimensões da minha vida e da minha pessoa foram impactadas de forma positiva pela minha inserção no mundo do tango”.

Ela explica que se sente bem fisicamente por causa do tango e que sua flexibilidade, sua postura, seus movimentos e até mesmo sua respiração estão muito melhores desde que começou a dançar. “Como o tango envolve muitos movimentos, sendo que alguns são de difícil execução, trabalho minha memória para me lembrar de cada um deles na hora da milonga (baile de tango)”.

Telma em sua alta de tango. Imagem para ilustrar os benefícios da dança.

Crédito: Dorothea Queiroga Vasques

Criando conexões através de passos no salão

Além dos benefícios físicos e mentais, o tango também trouxe um bem-estar social para Telma, que passou a se inserir em novos grupos e fez amizades fora de seus círculos já estabelecidos. Para ela, foi uma forma de “renovar as afetividades”.

Como a comunidade tangueira se estende a outros países, como Itália, França e Rússia (além de Argentina e Uruguai, países onde o tango se originou), ela também viu diante de si a oportunidade de conhecer novos lugares e se conectar a pessoas de culturas diferentes. “Acredito que me tornei uma pessoa mais alegre e mais aberta aos relacionamentos com outras pessoas que não pertencem ao espaço acadêmico e universitário”, comenta.

No entanto, Telma diz que ainda tem muito aprender. “Meus oito anos de tango não são nada. Estou sempre à procura de me aprimorar e de mais conhecimento. E isso é um fator importante na minha vida cotidiana”, finaliza.


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