A inteligência artificial pode assustar, principalmente quem já passou dos 50 e tem a sensação de que as novas tecnologias estão sempre um passo à frente. Mas o fotógrafo Claudio Pucci, 58 anos, descobriu que, na verdade, ela pode ser uma poderosa aliada para quem tem bagagem de vida, repertório cultural e curiosidade.

“IA é criativa, mas não é imaginativa. A imaginação vem de você”, ouviu em um podcast do comunicador Walter Longo. Foi a virada de chave: se o segredo está em saber pedir, nada melhor do que quem já coleciona décadas de experiência para usar a ferramenta de forma inteligente.

Hoje, Pucci cria personagens realistas, anima memórias de família, produz exposições virtuais e até leva brasilidade para um campo dominado por imagens europeias. Com milhares de experimentos feitos em pouco mais de dois anos, ele mostra que se reinventar na maturidade é não só possível, mas também inspirador.

Imagem criada com Inteligência Artificial por Cláudio PucciImagem: Cláudio Pucci com uso de IA - Série Jazz

Confira a entrevista:

Você se reinventou profissionalmente aos 58 anos com a Inteligência Artificial. Como esse processo começou?

Dois anos atrás eu estava desempregado e achava que nunca mais seria contratado. Sempre trabalhei com comunicação e fotografia, mas parecia que o mercado tinha encolhido para mim. Foi quando ouvi Walter Longo dizer que a IA é criativa, mas não imaginativa. Ou seja, apenas quem tem repertório pode usá-la muito bem. Pensei: “Eu sei pedir”. Sempre assisti a muitos filmes, gosto de arte, sempre fui nerd. A partir daí mergulhei.

Qual foi sua primeira experiência marcante com a IA?

Uma das primeiras imagens que criei foi ambientada nos anos 60, em São Francisco. Inventei uma personagem, a Ginger, só para brincar e testar. Um ano depois, refiz o mesmo prompt e o resultado foi completamente diferente. Isso me mostrou o quanto a tecnologia evolui rápido.

Você fala muito em “saber pedir”. O que isso significa na prática?

A IA funciona como alguém em fase de aprendizado: pode tropeçar, mas com direção e referências certas consegue feitos incríveis. Aliás, referência é algo que os profissionais 50+ têm muito. Eu peço imagens no estilo de artistas, com lentes específicas, atmosferas diferentes. Quanto mais repertório, mais resultados interessantes você consegue.

Qual foi a reação do mercado quando você começou a oferecer seus serviços com IA?

No começo muita gente não acreditava. Mas uma pessoa confiou, depois outra, e as coisas começaram a andar. Hoje já crio personagens, como a Joana e sua família, que geram identificação imediata. Fiz até um gráfico para mostrar a vida de uma mulher dos 6 meses aos 80 anos.

Brasilidade com Inteligência ArtificialImagem: Cláudio Pucci, com uso de IA - Brasilidade

Você busca levar brasilidade para as imagens que cria. Por que considera isso tão importante?

Porque nos bancos de imagem tradicionais é tudo europeu. Quando aparece alguém parecido com brasileiro, todo mundo usa a mesma foto. Com a IA, posso criar personagens únicos, com cara de Brasil. Isso faz diferença.

Houve situações curiosas com os personagens criados?

Sim! A minha personagem mais realista já foi pedida em casamento e até confundida com gente de verdade. Três mulheres já disseram que queriam sair com ela. Muitas maluquices (risos).

Você se considera pioneiro nesse movimento?

De certa forma, sim. Criei exposições online, juntando fotografia, pintura e IA, sempre com narrativas por trás. Acredito que estamos vivendo o surgimento de uma nova forma de arte. Claro, há resistência. Muitos fotógrafos tradicionais não aceitam, mas para mim é complementar.

E quanto à questão ética no uso da Inteligência Artificial?

É fundamental. Se estou ilustrando uma matéria, preciso dizer que é IA. Se crio um personagem com nome, não posso passar isso como real. Também dá para clonar vozes, e isso exige responsabilidade. Precisamos de regulação, mas com bom senso.

Para quem nunca usou IA, por onde começar?

Indico o Gemini, do Google, que é gratuito. Para quem quer se aprofundar, há ferramentas como o SeaArt, com vários modelos e créditos acessíveis. Minha dica é: comece pelo gratuito, vá testando, e só depois invista no pago.

Quais são seus próximos planos?

Quero criar mais uma exposição online, chamada Ninfas da Floresta. Continuo inventando, experimentando e acreditando que essa é uma arte em construção.

Para encerrarmos, você acredita que a Inteligência Artificial vai tomar muitas vagas de emprego? Como deve ficar essa questão?

Ao menos no médio prazo, não acho que as pessoas vão perder o emprego para a IA, mas acredito que elas vão perder para quem souber usar a IA, por isso todo mundo deveria começar a dar uma olhada nesse novo mundo. 

*Para entrar em contato com Claudio Pucci: : crspucci@gmail.com


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