Investir é uma necessidade, mas também uma prática que se adquire com o tempo. Especialistas apontam que criar o costume de poupar é mais fácil do que se pensa. Aprender a fazer melhores investimentos, mesmo que sejam para pequenas quantias, é o passo mais importante para a Longevidade Financeira.

“O hábito depende muito de cada indivíduo, mas é essencial estabelecer uma regra de poupança. Alguns decidem investir um valor maior uma vez por ano e tudo bem se tem uma meta que permita isso. Mas, para quem não tem esta disciplina, o ideal é mesmo ir devagar, investindo um pouquinho a cada mês, aumentando progressivamente os valores aplicados”, ensina a planejadora financeira Rejane Tamoto.

Para ela, é preciso pelo menos seis meses para considerar que alguém adquiriu o hábito de investir. Muitos desanimam, sentindo que não há mais tempo hábil ou porque o retorno é muito pequeno nos primeiros anos.

“O ato de poupar não é natural, sobretudo para objetivos de longo prazo, como a previdência. O importante é começar.”

Segundo o educador financeiro Leonardo Silva, fundador da Oficina das Finanças, o processo que leva alguém a fazer melhores investimentos é muito mais relevante que o resultado em si. Mas, para isso, é preciso, além de definir objetivos, “se conhecer melhor e entender sua realidade”. 

E exemplifica: “Muitos se preocupam em anotar o que pagam todo mês pelo cafezinho, mas é mais importante saber se você realmente queria gastar seu dinheiro desta maneira”.

Ele lembra que, para o bem e para o mal, o hábito é formado por um sistema de gatilho, ação e recompensa. “Se a pessoa se conhece, assume o poder de agir e gerar recompensas a partir de um objetivo forte. Mas o normal é eliminar a recompensa ou a ação. Por isso a meta tem de ser pessoal, que mexa contigo, fazer você correr risco e não gastar. Mas descobrir qual seria ela pode levar tempo” ressalta.

No método 6Gs de planejamento financeiro, que ele criou, envolve as etapas de gerar, gastar, guardar (com objetivos de segurança e conforto), ganhar (independência financeira) e gerir, a gratidão é a mais relevante por retroalimentar as demais. “É ela que faz olhar para si, entender seu processo e vivenciar a sua experiência particular”, diz.

Para fazer melhores investimentos, estabeleça objetivos

O dia a dia é o grande desafio. Nessa etapa, faça uma avaliação sem culpa do que lhe atrai em termos de conforto, bem-estar e de segurança financeira. Mergulhe no seu objetivo, pesquise quanto custa e o que será preciso fazer. 

“A pessoa pode dizer que merece tomar aquele chopinho no fim de semana. Não tenho dúvida de que ela merece até mais. Mas ela pode viajar daqui a dois anos se economizar. Esse objetivo estará três chopes mais perto de acontecer. Isso torna o processo mais gostoso, não menos trabalhoso”, sugere Silva. “Não é estimulante ou fácil guardar R$ 100. Mas, se tiver o objetivo de viajar daqui a um ano para determinado lugar, a sensação é diferente.”

Um porquinho sobre notas e moedas. Imagem para ilustrar a matéria sobre fazer melhores investimentos.

Crédito: Thodonal88/Shutterstock 

Segundo ele, no começo, é normal estabelecer objetivos misturados: se aposentar, viajar, trocar o chuveiro. No entanto, aos poucos as metas são separadas por prazo: curto, médio e longo. E aí torna-se mais simples responder às perguntas sobre como fazer melhores investimentos. “Sem dar esse passo atrás, o processo fica muito chato e fica muito mais complicado de saber qual a aplicação certa para cumprir seus objetivos”, diz. 

Revise o orçamento anual

Corte apenas as despesas que não vão trazer insatisfação e sejam consideradas desperdício – o que esteja em desuso ou já tenha uma oferta mais barata no mercado. “Tem um tesouro escondido dentro do orçamento. Se fizer esta análise, o dinheiro aparece”, garante Rejane.

Pague-se primeiro

Não tem graça viver sem um objetivo claro e sem o controle do processo, mas faça as contas e banque algum desejo imediato.

Busque uma renda extra

Ganhar um dinheirinho a mais, sobretudo com algo que dá prazer, fortalece muito emocionalmente e motiva ainda mais a poupar. É o caso da autônoma Erika Baglione, que está dando os primeiros passos nesse sentido. “Há nove meses, ajustei finalmente meu orçamento e comecei a poupar todo o dinheiro que consegui com renda extra. A sensação é de alívio e controle, mas ainda tenho medo de investir e não poder resgatar o dinheiro”, admite.

Fique próximo de quem busque melhores investimentos

Esteja ao lado de quem esteja investindo e poupando. E crie o hábito de ler com frequência artigos e livros que lhe motivem a investir melhor.

Torne o processo mais fácil

Autorize o débito mensal de um valor para investimento direto da sua conta corrente. Independentemente de você lembrar ou querer, o banco vai fazer o débito.

Você pode colocar também o seu objetivo na sua agenda ou no espelho. Será útil na hora de ser tentado por um gasto desnecessário ou inútil que lhe afaste do seu objetivo. E pergunte sempre: gastar me afasta ou me aproxima dos meus objetivos? Se fizer sentido, vá em frente sem culpa.

Investir melhor é preciso

A caixinha dos sonhos traz o sentido de prazer, mas só investir faz o esforço de economizar valer a pena. “No início, eu tinha 17 objetivos de conforto, segurança e independência financeira. Para cada um abri uma conta poupança, que não gera custos e dificulta ‘raspar’ as economias a qualquer Black Friday que apareça, porque dá muito trabalho. É claro que as quantias aplicadas em cada uma delas eram muito pequenas. Não importa. O que interessa é criar o hábito de poupar com frequência. Depois de pouco tempo, a pessoa não vai mais querer colocar R$ 10; vai partir dela aplicar mais e mais”, garante Silva.

E daí, preparado para fazer melhores investimentos?


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