Investir com segurança aos 60 anos pode parecer um desafio, mas é também uma oportunidade. A longevidade crescente e as novas formas de renda tornam essa etapa ideal para reorganizar o patrimônio e planejar o futuro com tranquilidade.

Para quem está prestes a se aposentar, recebeu uma herança ou vendeu um imóvel, a questão central é a mesma. É necessário entender como aplicar o dinheiro de forma coerente com os objetivos de vida e o momento financeiro.

De acordo com especialistas, o maior erro é acreditar em uma “receita universal” para quem decide investir mais tarde. Cada pessoa tem metas e condições diferentes. Pode ser o desejo de complementar a aposentadoria, deixar uma herança ou simplesmente preservar o capital já conquistado. Ou seja, é necessário alinhar objetivos com expectativas.

Segundo Gleisson Rubin, diretor do Instituto de Longevidade MAG,  "o investimento nunca deve ser começado sem um objetivo claro. Muito possivelmente uma pessoa de 60 anos terá objetivos bem diferentes de alguém mais jovem. É necessário ter clareza e, a partir disso, estabelecer uma escolha criteriosa".

Segurança vem antes da rentabilidade

Para investir com segurança aos 60 anos, o foco principal deve estar na preservação do patrimônio. Quem tem mais tempo pela frente pode se arriscar mais, mas depois dos 60 a lógica muda. A prioridade passa a ser a estabilidade dos recursos e a previsibilidade dos ganhos. Nesse contexto, a renda fixa ganha destaque, especialmente em um cenário de juros elevados no Brasil.

Entre as principais opções de renda fixa estão os títulos do Tesouro Direto (como Tesouro Selic e Tesouro IPCA+), além dos CDBs e das letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA). Rubin reforça que, apesar do cenário favorável, a poupança ainda é a escolha mais comum entre idosos, mesmo rendendo menos.

Gleisso Rubin reforça que "estamos com a taxa Selic nas alturas. Então, é um momento que pode ser benéfico para modalidades de baixo risco. Mas o que preocupa é que a caderneta de poupança ainda ocupa uma preferência inexplicável. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, 90% ainda concentram seus recursos nela".

Diversificação e liquidez são aliadas

Para investir com segurança aos 60 anos não é necessário aplicar todo o dinheiro em um único tipo de produto. A diversificação continua sendo essencial, mas com foco em prazos mais curtos e alta liquidez. Ou seja, foco na facilidade de transformar o investimento em dinheiro sem perdas.

Rubin afirma que "quando falamos em diversificação, falamos também em diversificação de prazos. É bem possível que a pessoa com mais de 60 anos queira investimentos com retorno em períodos mais curtos, que proporcionem boa liquidez. Portanto, trabalhe com diferentes prazos".

Fundos imobiliários, por exemplo, podem ser alternativas interessantes. Eles oferecem rendimentos periódicos e oscilam menos que as ações. Mesmo assim, exigem cautela e conhecimento.

Antes de diversificar, especialistas indicam montar uma reserva de emergência. O ideal é ter o equivalente a três meses de renda em aplicações seguras e de fácil resgate. Essa reserva garante tranquilidade diante de imprevistos e evita o resgate de investimentos de longo prazo.

Investir com segurança aos 60 anos inclui entender a renda variável

A renda variável não deve ser descartada automaticamente. Mesmo após os 60 anos, é possível incluir ações ou fundos imobiliários na carteira, desde que o perfil de risco e o conhecimento sejam adequados. "Não devemos trabalhar com o estereótipo de que uma pessoa de 60 anos não possa incluir renda variável na carteira. Contudo, isso traz exigências de outras competências, como entender a dinâmica de setores da economia. O importante é saber seu apetite a risco", podenra Rubin.

Para Gustavo Inácio de Moraes, doutor em economia aplicada e professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), a renda variável exige paciência e moderação. "Renda variável é tipicamente um investimento que exige paciência. Aos 60+, é preciso cautela, sempre lembrando que a prioridade é preservar o patrimônio", destaca o professor, em entrevista ao Zero Hora.

Uma estratégia equilibrada pode incluir uma pequena parcela da carteira em produtos de maior risco, mantendo a maior parte em investimentos de renda fixa e liquidez alta. Assim, é possível buscar retornos melhores sem comprometer a segurança financeira.

Um casal de idoso fazendo contas em uma calculadora e em um computador, analisando pagamentos. Imagem vista de cima e usada para representar a matéria sobre investir com segurança aos 60 anos. Crédito: PeopleImages/Shutterstock

Golpes financeiros exigem atenção redobrada

A decisão de investir com segurança aos 60 anos envolve também proteger-se contra fraudes. Os golpes financeiros voltados a pessoas idosas estão cada vez mais sofisticados e usam técnicas de engenharia social e ofertas falsas de crédito.

Segundo Rubin, "o Brasil é campeão mundial em golpes cibernéticos. Assusta a incidência e sofisticação dos ataques. Não há outra forma de proteção que não seja a educação financeira e digital". Moraes chama atenção para o risco de propagandas enganosas de crédito fácil. "Talvez o maior golpe seja contrair empréstimos com taxas de juro divulgadas como “facilitadas”. Taxas facilitadas não existem. Tenha cautela diante de adjetivos e frases de propaganda com dinheiro fácil", afirma.

Os especialistas orientam desconfiar de promessas de lucros rápidos, retornos garantidos ou investimentos “sem risco”. Nenhuma aplicação financeira legítima oferece alta rentabilidade sem algum grau de incerteza.

Planejar a aposentadoria e a herança é parte do processo

Ao investir com segurança aos 60 anos, é importante pensar além da rentabilidade. O planejamento sucessório, ou seja, a forma como os bens e investimentos serão transmitidos aos herdeiros, pode evitar conflitos e reduzir custo

Para Moreas, "sempre que possível, transfira os bens em vida. Transferir após o falecimento é oneroso tanto financeiramente quanto emocionalmente. O famoso usufruto, por exemplo, permite que você transfira até dois terços do patrimônio e ainda mantenha direitos sobre ele".

Rubin acrescenta que o processo deve ser acompanhado por profissionais capacitados. "O planejamento sucessório envolve legislação complexa. É fundamental buscar assessoria profissional", destaca.

Ou ponto de extrema importância é ter apoio especializado para quem busca investir com segurança aos 60 anos. Um bom assessor ajuda a montar uma carteira equilibrada e alinhada aos objetivos do investidor. "Temos a Ambima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), entidade que regula esse setor. É necessário checar as credenciais do profissional e buscar aqueles ligados a instituições reconhecidas", recomenda Rubin.

Moraes lembra que, embora o assessor seja importante, ele não deve ser a única fonte de orientação. "É uma questão de confiança, mas também de pluralidade de vozes. Tenha interlocutores diferentes para validar seu raciocínio. É fácil enganar um, difícil enganar três ou quatro" afirma.

Checklist prático para investir com segurança aos 60 anos

  • Organize as finanças: entenda quanto pode aplicar sem comprometer o dia a dia.

  • Monte uma reserva de emergência: equivalente a três meses da renda, em aplicações seguras e líquidas.

  • Defina objetivos claros: planeje a aposentadoria, viagens, herança ou proteção do patrimônio.

  • Avalie seu perfil de risco: identifique se prefere segurança total ou aceita pequenas oscilações.

  • Prefira liquidez alta: essencial para ter acesso rápido ao dinheiro em caso de necessidade.

  • Diversifique sempre: distribua os recursos entre diferentes tipos de aplicação.

  • Priorize prazos curtos: indicados para quem já tem 60 anos ou mais.

  • Procure orientação profissional: planejadores financeiros ajudam a construir uma carteira equilibrada.

  • Fique atento a golpes: desconfie de promessas de lucros rápidos e retornos garantidos.


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