Em 1940, ainda não se falava em longevidade. Quando uma pessoa completava 50 anos no Brasil, sua expectativa de vida era de 69,1 anos, e de cada mil pessoas que atingiam 15 anos, apenas 535 chegariam aos 60 anos de idade. Em 2019, os números eram outros. Nossa expectativa de vida passou para 76,6 anos, e de cada mil pessoas a atingirem 15 anos, 868 completaram 60 anos de idade.

Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e mostram que, em quase 80 anos, aprendemos a viver mais e melhor. E não só isso: vivemos hoje a revolução da longevidade. 

“Envelhecer não é uma juventude perdida, mas sim uma nova era de oportunidades e força.”

Betty Friedan, ativista feminista.

Por isso, nós do Instituto de Longevidade celebramos o Mês do Idoso. O mês de outubro é um marco importante para reforçarmos todas as possibilidades em nossas vidas, principalmente após os 60 anos. São anos para estudar, trabalhar, fortalecer amizades e relacionamentos familiares, traçar metas e realizar sonhos. 

Dia do Idoso

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No entanto, para tudo isso, é imprescindível colocar a saúde em primeiro plano. Se chegamos até aqui, com a possibilidade de viver cada vez mais, é porque passamos a entender que precisamos nos cuidar. 

E para ter uma vida cada vez mais longeva, é importante cuidar do envelhecimento desde cedo. Sim, pois estamos o tempo todo envelhecendo, desde o momento em que nascemos, até o fim da vida. 

As bases para um envelhecimento saudável

Para Virgílio Garcia Moreira, geriatra, Mestre e Doutor em Ciências Médicas pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), é preciso construir uma base para ter um envelhecimento saudável, e isso precisa começar o quanto antes. “Para envelhecermos bem, precisamos de três coisas”, afirma.

Em primeiro lugar, alimentação saudável. Frutas, líquidos, fibras, proteínas, carboidratos… Tudo isso precisa ser ingerido de forma adequada para formar uma base robusta para o envelhecimento saudável.

Em segundo lugar, exercício. Ou seja, se manter em movimento. “Nosso corpo foi geneticamente desenhado para se movimentar. Não se movimentar é gerar doença”, explica Virgílio.

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E em terceiro lugar, a cabeça, ou, em outras palavras, a saúde mental. “Precisamos ter uma boa cabeça para lidarmos com os fenômenos emocionais da vida, em especial com as limitações que, do ponto de vista biológico, nosso corpo vai exigir”.

No entanto, nada disso acontece sem que haja um investimento do indivíduo. Para construir essa base do envelhecimento saudável, precisamos de três grandes reservas.

“Primeiro é a reserva funcional, ou seja, a capacidade de exercer as atividades básicas e fundamentais do dia a dia”, pontua Virgílio. “A segunda reserva é a cognitiva. Precisamos nos estimular cognitivamente. Por exemplo, a cada três segundos, damos um diagnóstico de Alzheimer a alguém, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

E a terceira reserva é a financeira. “Envelhecer é muito caro. Porém, se envelheço com saúde, meus custos são reduzidos”. De acordo com o geriatra, 8% da população do Brasil é composta de idosos frágeis, que precisam de equipes multifuncionais, além de outros recursos, como medicamentos, equipamentos para tratamentos, exames etc.

E tudo isso significa dinheiro. 

Planejamento para cada fase da vida

Para Leandro Palmeira, Diretor de Pesquisa do Instituto de Longevidade MAG, não há dúvidas de que envelhecer pesa no bolso. “Durante o planejamento financeiro, para que o envelhecimento seja da forma mais tranquila possível, é preciso levar em conta os gastos adicionais com a saúde, incluindo medicamentos”, explica.

Mesmo nos casos em que as pessoas se encontram em boas condições física e mental, o monitoramento dessas mesmas condições se torna mais frequente com o envelhecimento. “É preciso estar preparado para vidas mais longas e pensar na diferença conceitual entre vida longa e vida ‘saudável’ longa”.

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Assim como Virgílio, Leandro também acredita que a chave para um envelhecimento saudável está na base da vida, construindo hábitos saudáveis e se planejando para os anos que virão.

De acordo com o pesquisador, no início da vida profissional, por volta dos 20 anos de idade, os gastos giram em torno da educação e do preparo para uma vida de independência financeira, ou do desejo por ela. Nessa idade, despesas com viagens ou entretenimento também são comuns. 

Aos 40 anos, fase em que a média dos brasileiros atinge o pico de renda, ocorre o aumento da preocupação com a poupança de longo prazo e com a construção de um patrimônio.

Já aos 60, é fundamental que as pessoas tenham acumulado uma reserva financeira ou uma previsão de recebimento de fluxos de renda. Assim, poderão cobrir necessidades futuras de forma tranquila e saudável, pois a maior parte da renda das pessoas 60+ é dedicada a gastos de saúde, explica Leandro.

“Não menos importante é lembrar que, como resultado de nossa crescente expectativa de vida, somos cada vez mais levados a vidas ativas mais longas, fato que nos reposiciona constantemente ao conceito de aposentadoria”.

O quanto envelhecer pesa no seu bolso?

Um estudo realizado em 2017 pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão do curso de Administração da Faculdade Doctum, em Vitória, revelou que pessoas com mais de 60 anos gastam metade da renda com remédios e planos de saúde. Em alguns casos, esses custos chegam a tomar 57% do orçamento familiar.

Para quem é aposentado e não conseguiu o teto da aposentadoria, a situação tende a piorar. O coordenador da pesquisa, Paulo Cezar Ribeiro, afirma que muitos precisam voltar a trabalhar para complementar a renda. A qualidade de vida dessas pessoas chega a ficar comprometida, pois com o aumento certo no valor dos planos de saúde, resta pouco para gastar com outras áreas da vida, como lazer ou alimentação.

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Em um levantamento feito pelo IBGE em 2019, foi apontado que os gastos com saúde no Brasil alcançaram R$ 608,3 bilhões em 2017, representando 9,2% do Produto Interno Bruto (PIB) desse ano. No entanto, mais da metade desse valor veio do consumo de famílias e instituições sem fins lucrativos: foram R$ 354,6 bilhões contra apenas R$ 253,7 bilhões do governo. 

Para Tássia Holguin, técnica de Contas Nacionais do IBGE, os números mostram que a saúde continua como prioridade no bolso do brasileiro, mesmo em época de crise. “Isso porque saúde é um serviço essencial. Se a pessoa depende de um medicamento, ela não vai deixar de comprá-lo imediatamente diante de uma dificuldade financeira. Ela remaneja recursos para continuar tomando o remédio”.

E os brasileiros estão preparados para o envelhecimento saudável?

Tanto Virgílio quanto Leandro acreditam que não. 

“O Instituto de Longevidade MAG conduziu, em parceria com nossos colegas da Aegon, estudos internacionais sobre o tema. Nossa conclusão nesse período foi que a maioria das pessoas, em todo o mundo, não demonstra estar bem preparada para o envelhecimento. Muitos começam a pensar nos gastos extras com saúde somente quando algum imprevisto – como uma doença – acontece”, explica Leandro.

“O planejamento financeiro de longo prazo precisa acompanhar os cuidados com a saúde”.

Já para Virgílio, embora exista uma maior busca do ponto de vista educativo sobre como viver mais e melhor, os brasileiros, em geral, ainda não se mostram preparados para enfrentar o envelhecimento populacional. “De forma geral, a sociedade tem amadurecido em relação ao envelhecimento, mas ainda precisa crescer em alguns aspectos, em especial em relação ao processo educativo”, comenta. 

“Na verdade, precisamos de um baita processo educativo para ensinar coisas simples, como cuidar das funções, como se alimentar de forma adequada e até como se movimentar. O mal do século é que temos uma alimentação inadequada e não nos movimentamos. E ensinar isso para a população mais jovem é promover um envelhecimento bem sucedido.”

Cuide do seu dinheiro para viver mais e melhor

Não há dúvidas de que o envelhecimento saudável está intimamente relacionado com o planejamento financeiro. “A combinação entre capacidade financeira e bem-estar parece-me inseparável”, sugere Leandro. Além do planejamento para garantir uma renda necessária para os estágios mais avançados da vida, é importante criar uma reserva extra para eventuais gastos com saúde.

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“Nosso lema aqui no Instituto sempre foi começar a poupar cedo, de forma frequente, mesmo que em pequenas quantidades e prevendo eventualidades”, afirma. Quando isso não for possível, buscar reorganizar os hábitos de saúde e as despesas recorrentes, mesmo com a ajuda de outras pessoas, pode provocar melhorias na qualidade de vida ou até mesmo acabar liberando recursos antes comprometidos.

“Para viver de forma saudável após os 60, 70, 80 anos, as pessoas precisam continuar a ter uma vida ativa, com alimentação balanceada e monitorar os principais indicadores de saúde, com acompanhamento médico e exames regulares. E controlar suas finanças”, finaliza Leandro.


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